9 de out. de 2009

A Nossa História...

No sábado havíamos feito uma reunião aqui em casa com minhas ‘amigas-irmãs’, minhas amigas desde a época de escola. A Lilla ia fazer 39 semaninhas de barriga e eu achava que ainda ia demorar uns 15 dias pelo menos até ela dar sinal de querer sair... Neste dia rimos mto, tiramos fotos, comemos e mal sabíamos que era uma festa de despedida da barriga!
Foi na noite de domingo, dia 23 de agosto, que tudo começou. Quando deitamos eu disse pro Rodrigo que estava me sentindo estranha, diferente. Algo estava fora do normal... Parece até brincadeira! Mas nem me dei conta de que podia ser mesmo o corpo dando algum aviso, afinal estava cedo!
E assim, numa das intermináveis idas ao banheiro pra xixi que nos acometem no fim da gravidez, eu levei um susto! Não consegui segurar o ‘xixi’, começou a sair comigo ainda deitada na cama, tentei levantar correndo com toda a sutileza e estabilidade que uma grávida de 3º trimestre tem e corri pro banheiro!
Sonolenta como estava, sentada ali, fui aos poucos acordando e ganhando consciência para raciocinar e pensar: Será que foi a BOLSA??
Fiquei ali mais um pouco, o tal ‘xixi’ desceu de novo e eu tentei segurar. Nada! Não dava pra segurar! Pois então não era xixi, era a casa da Lilla vazando! Ui!
Voltei pro quarto e avisei o Rodrigo (aqui preciso dizer que meu marido se chama Rodrigo, mas o obstetra chama-se Rodrigo também, então quando for o obstetra eu ponho um ‘dr’ na frente pra diferenciar, ok?).
Nada de pânico, não saiu tanta água assim. Era provavelmente só uma ruptura alta e o processo ainda podia levar dias até engrenar já que eu não senti nenhuma contração. Então forramos o colchão com algumas toalhas e eu voltei a dormir. Ligaríamos pro dr Rodrigo na manhã seguinte.
E assim foi. Eu não estava sentindo nada de diferente além do liquido vazando de pouquinho o tempo todo sem parar. Falei pro Rodrigo ir trabalhar mesmo assim, qualquer coisa eu ligava. E decidimos tb não avisar a ninguém da família pra não botar todos ansiosos... Eu ia ficar em casa mesmo, esperando, resolvendo o que tinha pra resolver... Rodrigo saiu pro trabalho então e eu vim pro computador catar no msn a Dydy (enf. Obstetra que foi nossa doula e um pouco mais) e a Rebeca (“doula virtual” desde o início, que aturou todas as minhas intermináveis perguntas por longos meses!)
Dei sorte de falar com as duas!! Apoio é ótimo pra deixar a gente segura...
E liguei pro dr Rodrigo tb, que à minha informação de que a bolsa tava vazando devolveu um “que legaal!” tão gostoso que me deixou mto feliz de ter um médico tão bacana.
Então nos orientou a esperar.. Era td o que tínhamos pra fazer. Podia levar dias ainda já que eu não tinha contrações regulares.
Dydy cogitou vir logo pra cá (já que ela mora a 2h de distância) mas como nada estava andando ou mudando, todos achamos melhor esperar mais, pq podia demorar mto ainda...
Então assim foi passando a Segunda. Eu sentada com uma toalha embaixo de mim (lindo de se imaginar, não? ), esperando, esperando... e naaada. Eu tava calma, juro, mas comecei a ficar só um pouquinho agoniada. Lá no fundo bateu um leve medinho de que as coisas simplesmente não rolassem, sei lá.
Algumas contrações mto leves, indolores e totalmente irregulares se manifestaram. E só.
Mantive contato com a Dydy, postei minha ruptura nas listas de parto pra ter alguma companhia e apoio... AH! Companhia! Era isso que tava faltando pra me distrair!!!
Liguei pro meu irmão, era o único que eu sabia que não ia entrar em pânico ou ficar ansioso. Ele será meu eterno caçula e tudo referente à gravidez só faz ele agir como um menininho e dizer coisas tipo “eca! Que esquisito!”. Só que ele ta sempre disposto a ajudar, apesar de ser ranzinza e reclamão! ^^ E, mão na roda, ele estuda de noite e podia passar o dia todo aqui até o Rodrigo voltar!
Quando o Daniel chegou eu fiquei me sentindo melhor. Jogamos conversa fora, almoçamos juntos e ele me divertiu com as caras tortas que fazia ao dizer “Que nojo, vc tá vazando, ecaaa!”
Manhã, tarde, noite, bolsa vazando, conversas feitas, marido de volta em casa, Dydy esperando de longe... e naaada de a Lilla dar algum sinal. Foi de noitinha que eu me senti pior. Medo, ansiedade, sei lá! A Agonia da espera. Aquele nervoso que dá por dentro quando a gente não sabe se algo que está prestes a acontecer vai acontecer de verdade. Tava me sentindo cinza e nublada por dentro. Mto nublada. Tempestade a vista...
Rodrigo disse: Ora!
Dydy disse o mesmo.
Que lerda eu, como não pensei nisso né? Eu tava orando o dia todo, mas assim, de cabeça, não tinha parado pra orar oraaaar meeesmo. E ler a Bíblia tb, isso certamente ia me ajudar.
Bíblia aberta e... Hmm! Jesus tem um ótimo senso de humor!
No meio do meu nervosismo em esperar, abro a Bíblia justo onde?? Na pág entre novo e velho testamento!!! Uma brecha de uns 400 anos em que o povo judeu teve que esperar e esperar e esperar, e Deus não se manifestou, até que o grande dia do nascimento de Jesus chegou!
Caí na gargalhada!
Tudo bem, recado recebido! Esperar e confiar! A hora cera vai chegar.
Eu, teimosa que sou, resolvi ler mais alguma passagem. E abri numa carta de Paulo, se não me engano (infelizmente eu sou burra e não guardei o versículo!), que dizia algo do tipo “insensatos! Os homens fazem planos mas as decisões pertencem a Deus! Ou vocês não confiam no Senhor?”... Ui ui! Engoli a saliva e assumi a “bronca”! =) Tá bom, Jesus, eu sei, eu confio, eu vou esperar.
Desde aí fui entregando nas mãos de Deus. Pedindo que por favor Ele permitisse que a Lilla viesse num parto lindo, mas sabendo que a decisão era Dele pelo melhor, pois Ele sabe de tudo. E aí acalmei de novo.
Mas uma ligação pro dr Rodrigo pra avisar que nada mudou e estávamos aqui firmes e fortes esperando. E a Dydy achou melhor ir vindo pra cá e dormir aqui pra não correr o risco de ter que vir de madrugada. Beleza! Vamos fazer a festa até que a Lilla chegue! =)

Minha esperança era entrar em trabalho de parto durante aquela madrugada. Fui dormir pensando e orando, feliz e ansiosa, mas já sem medo.

Só que naaaaaaaaada!
Nada mudou, nada aconteceu durante a noite. Hunf!
Lilla preguiçosa, eu sabia que vc ia enrolar a mamãe de algum jeito, quietinha que era! Só que eu achei que vc ia até as 42 semanas e não me deixar assim num trabalho de parto que não engrena nunca!
Bom, já eram mais de 24h de bolsa rota...
Ainda bem que a Dydy estava aqui! Ela ficou semore verificando o coraçãozinho da pqna e me deixando tranqüila. E dessa vez o Rodrigo não foi trabalhar. Ligamos pro dr Rodrigo pra deixa-lo a par de como as coisas iam indo (ou, no caso, “não indo” né? Aff!) e ele pediu que no início da tarde fôssemos à perinatal fazer uma ultra e dar uma olhada em como iam as coisas. Pensamos “certo, hj vamos tirar o dia pra incentivar essa menininha a sair daí de dentro, que aqui fora é legal tb!”.
Pedi pra irmos caminhar num lugar bem bonito. Então lá fomos nós 3 pra praia. O tempo não estava bom, mas o barulho do mar é gostoso mesmo assim e nós teríamos mesmo que ir pra zona sul fazer a ultra de tarde, então podíamos caminhar de manhã, almoçar por lá e fazer a ultra depois.
O dia estava cinzento, mas conversei com a Lilla dizendo “Ta vendo filha? Aqui fora tem o mar, tem o ventinho gostoso, tem o céu iluminado, tem colinho de mamãe e papai! Vem pra fora! Vem ver tudo de bonito que tem aqui! Tudo de lindo que Deus criou! Vem ganhar abraço, colo e cheirinho! Queremos tanto te ver!!”
A cada contração eu precisava parar de andar e respirar. Não doía mas era incômodo. Anotávamos tudo. Ainda sem progresso, nenhuma regularidade se mostrava... Bah!
Caminhamos pela praia mas quando o vento apertou e começou a incomodar o nariz de rinite do papai Rodrigo fomos caminhar na rua principal... Conversamos, rimos, brincamos... Fomos ao shopping almoçar e logo estava na hora de ir fazer a ultra e espiar a Lilla. E nadaaaaaa mudava.

Nessa parte eu voltei a ficar ansiosa. Um pouquinho de medo, que eu não sou de ferro. Medo de nada mudar nunca, medo de o parto não acontecer afinal, medo de o médico da ultra fazer terrorismo.

Chegou minha vez e entramos na sala nós 3.
Com medo de influenciar a médica a fazer ainda mais terrorismo eu só disse que tinha “suspeita” de bolsa rota e não cheguei nem perto de dizer que isso já tinha 30 horas... E falei que tava ficando molhada, mas não falei que a bolsa já tinha chegado a vazar de escorrer pela perna...
A médica era novinha e ficou a primeira parte do exame calada. Hm. Cara nada boa.
Por fim ela disse que tinha mto pouco líquido, que a bolsa tinha estourado sim, e me pediu pra confirmar a idade gestacional. 38 semans, fazendo 39 já – eu disse.
A médica já com cara de medo, com dois olhos mais arregalados que olho de peixe, disse que a neném era mto pqna, tamanho de 35 semanas. Eu, mantendo a calma, disse que sabia que ela era pqna, que já havíamos visto isso nos outros exames...

Bom, com a médica mais pálida que leite, setamos todos e ela repetiu o que viu, olhando pra gente cética, aparentemente pensando “esse pessoal não ta entendendo o que eu to dizendo não?? Quase líquido nenhum! O bebê é MÍNIMO!” e a gente agindo normalmente.
Ela ligou pro dr Rodrigo pra passar o resultado e perguntar qual seria o procedimento. A gente só ouviu ela repetindo no telefone que o bebê era pqno, q o líquido tava baixo, e com cara de cética perguntando “Te certeza???”.
Eu amo o dr Rodrigo! Eu tinha certeza de que ele não ia se apavorar se não houvesse nada com que se apavorar mesmo.
Por fim a médica disse: “ele disse que é pra você voltar pra casa e esperar” (cara da médica cheia de pontos de interrogação) e quer falar com vc.
Peguei o telefone e ouvi a voz doce de sempre do dr Rodrigo dizendo que ele estava em outro parto, que eu devia ir pra casa e descansar. Mas que realmente, se o líquido estava baixo e a com Lilla pqnininha como é, não poderíamos esperar mto mais. Se até essa noite ela não resolvesse sair, teríamos que induzir.
Saímos da sala deixando a médica apavorada lá dentro incrédula. Acho que por ela tinha me internado e tirado a Lilla de dentro naquele instante.
E nada saída do hospital eu desabei.
Medo né?
Por mais segura que sejamos, por mais que tenhamos lido, por mais que estejamos amparadas, receber aquele olhar de medo em cima da gente não é nada fácil.
Não foi nada fácil.
Eu confio mto MTO no dr Rodrigo, mas acho que ninguém conseguiria ficar inabalável diante daquela expressão de pavor...

Chorei, chorei. Graças a Deus eu tinha ao meu lado uma doula maravilhosa, carinhosa e segura, sincera em responder minhas perguntas sobre as possibilidades, um marido super amoroso, a me amparar e me confortar, um médico maravilhoso, competente e inteligente, e acima de tudo o meu Deus, meu Senhor, que nunca me desampararia!!

Fomos pro carro, os 3 cada um a seu modo abalados pelo exame.
Perguntei à Dydy quais eram as possibilidades. Quantas horas teríamos pra esperar, quais as chances de a indução funcionar, como tudo ia ser feito. E ela me explicou tudinho, com mta calma. É verdade, indução nem sempre funciona. (E aí o frio na minha espinha atacava. Medo de cair na cesárea, mto medo! Meu maior medo, precisar ser aberta, furada, costurada... medo do bisturi, medo do centro cirúrgico...) E realmente não teríamos mto tempo pra esperar funcionar. A Dydy então sugeriu que fizéssemos a indução naquela noite ainda. Perderíamos a chance de esperar mais um pouco o parto engrenar naturalmente, mas como isso não tava acontecendo, era melhor ter mais tempo e mais chance de esperar a indução funcionar.
Foi difícil processar esse novo passo. Eu já tava perdendo parte do sonho, já era uma intervenção que eu não gostaria. Mas paciência! Era necessário, NECESSÁRIO mesmo, e isso muda tudo, né? Eu mastiguei, engoli. Compreendi. Me dei um tempo pra ficar triste por o meu corpo não ter funcionado como eu gostaria que ele funcionasse... Mas Deus estava no comando, eu sabia que estava! E tudo ia dar certo no fim, fosse como eu gostaria ou não fosse... O que importa é que fosse como Deus planejou.

Ligamos pro dr Rodrigo, dei o telefone pra a Dydy conversar com ele, e ele concordou. Faríamos a indução naquela noite então.
Aqui abro um parêntese pro dr Rodrigo. O pobrezinho tava num outro parto a horas! Devia estar exausto... Já tinha passado a última noite no hospital. Mas mesmo assim não nos deixou nem um pouco na mão, vendo que realmente seria melhor fazer a minha indução ainda naquela noite, desistiu de tirar aquela noite pra descansar em casa e disse que nos ligaria assim que aquele parto acabasse e nós nos encontraríamos no hospital.
Eu já disse que eu amo o dr Rodrigo? Pois eu amo o dr Rodrigo! E acho que tenho a permissão pra falar tb pela Dydy e pelo Rodrigo meu marido: A Dydy ama o dr Rodrigo e o Rodrigo tb ama o dr Rodrigo! ^^
Calma, muita calma nessa hora. Eu admito que fiquei num vai-e-vém entre me entristecer com a necessidade da indução e me acalmar aceitando que era assim que tinha que ser, pois Deus estava no comando.
Primeiro vinham os medos. Medo da indução não funcionar e eu precisar de uma cesárea. Medo de o parto com a ocitocina ser mto frank pra eu agüentar (afinal, eu sabia mto bem que uma intervenção leva a outra, e que se eu não agüentasse o hormônio sintético podia acabar pedindo anestesia, se eu pedisse anestesia provavelmente ia precisar de episio e não ia poder ficar de pé, caminhar, ir pra banheira... e provavelmente a Lilla ia precisar ser aspirada e td o mais....)
Já em casa, tentei curtir os últimos momentos da Lilla na barriga... Agora era certeza, de uma forma ou de outra essa seria a última noite dela dentro de mim. Ganhei uma longa massagem relaxante da Dydy (ô delicia!!) e depois fomos pro quarto eu e Rodrigo para orar, agradecer a Deus por estar cuidando de tudo e entregar todo o processo nas mãos Dele. Pra mim foi uma oração mto importante, que eu continuei repetindo ao longo de todo o processo que se seguiu. Eu disse pra Jesus que confio Nele de todo coração, e que acima de tudo eu queria que fosse feita a vontade Dele, e não a minha. Pois Ele sabe de tudo, Ele conhece o que é melhor, Sua Palavra diz que a Sua Vontade é “boa, perfeita e agradável”. Mas eu também disse que a Sua Palavra nos ensina a orar e pôr diante Dele os desejos do nosso coração... Lembrei dessa passagem:
Filipenses 4:6 “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.”
Então eu pus diante de Deus os meus medos e sonhos... O medo da cirurgia, o sonho de parir, tão alimentado e tão esperado... Afinal, podemos pedir! Mas também entreguei meu coração ao Senhor para que fizesse a Sua soberana vontade. Não quero ser tola a ponto de me por acima dos planos do meu Senhor! Lembrei de Jesus orando no monte das Oliveiras:
Marcos 14:36 “E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.”
Ele também pediu. E Ele também entregou. E era esse exemplo que eu queria seguir! Afinal, exemplo melhor não há, não é mesmo? Em tudo deveríamos sempre ‘copiar’ as atitudes de Jesus. Assim, não tem erro. =)
Confesso, porém, que fraca como sou, humana e com muito a aprender, ainda tive muito medo de que a Vontade de Deus fosse a cesárea. Eu estava sim pronta a aceitar sem resistência, mas desejava muito que não fosse esse o caminho. Por isso eu digo que continuei orando, o tempo todo, em espírito de entrega. Era o que eu podia fazer. Pedir perdão pela minha fraqueza e medo, derramar o sonho do meu coração diante do Pai, e me entregar a Ele sem receios. Comanda, Senhor, comanda! É tudo o que eu preciso, antes, agora e sempre!

Deitei na cama com o Rodrigo e tiramos um delicioso cochilo, abraçadinhos, nós 3 pela última vez com a Lilla ainda “embutida” em mim. E foi um cochilo revitalizador!
Era mais ou menos 23h quando o dr Rodrigo telefonou e pediu pra irmos para a Perinatal, nos encontraríamos lá.
Arrumamos tudo, pegamos as malas e em 15min, na madrugada de terça pra sábado chegamos lá, ao mesmo tempo que o dr Rodrigo! Se tivéssemos feito de propósito, não tinha dado tão certo. Nossos carros entraram juntos no estacionamento! O nosso na frente, o dele atrás.
Pobre dr Rodrigo! Dava pra ver pela sua aparência o quanto cansado ele estava! Longe de ter o cativante sorriso de sempre, o bichinho tava um caco! Fiquei com muita peninha dele! Mas fiquei grata por ter um médico que pôs as prioridades da Lilla antes das suas próprias... Sinceramente, não conheço nenhum outro obstetra altruísta assim!!

Eu subi com a Dydy e o dr Rodrigo pro centro cirúrgico enquanto o Rodrigo ficou na recepção resolvendo os papéis da internação. Um misto de medo, ansiedade, euforia, alegria... Nem dá pra descrever.

Engraçado no vestiário as enfermeiras perguntando: vc vai “tentar” parto normal?
E eu dizendo: eu vou TER parto normal, se Deus quiser!
Eu só via o sorriso de canto de boca da Dydy em resposta ao tom pejorativo das enfermeiras... Uma delas perguntou: Quem é o seu médico? E à minha resposta ela virou pra outra enfermeira e disse: Ih, Fulana! É aquele de Niterói que faz parto normal MESMO!
As enfermeiras do pré-parto foram as únicas em toda a estadia no hospital que me deixaram desconfortável, com os olhares e a incredulidade, que era tudo que eu NÃO precisava naquele momento... Ainda bem que eu tinha a Dydy pra me apoiar ali...

Roupa trocada, fomos pra um quartinho de pré-parto apertadinho e ficamos esperando os Rodrigos chegarem...


Eu havia perguntado pra Dydy antes como é que seria exatamente a indução. Ela disse que não tinha como saber o que o dr Rodrigo tinha em mente, mas ela podia me explicar o que ela achava que ele faria. Eu fico mais tranqüila quando entendo o que está acontecendo, e pra mim foi ótimo que a Dydy foi capaz de me explicar tudo o que eu precisava... O processo da indução foi exatamente como ela tinha previsto!Nos aconchegamos naquele quartinho pqno, apertado mesmo. Uma pequena confusão com as bolsas (que umas enfermeiras diziam que podiam ficar ali, mas outras entravam e diziam que as bolsas não podiam ficar ali não) e com minha aliança (que as enfermeiras me fizeram tirar, mas eu não queria tirar que eu não tava inchada, eu gosto mto da minha aliança!! Além de ser a nossa linda aliança de casamento é tb a aliança da minha amada vovó... Nosso par de alianças foi do casamento dos meus avós, ela me deu pra eu usar, dizendo que desejava que fossemos tão felizes quanto ela foi com o vovô. As enfermeiras disseram que em caso de cirurgia eu não podia ter nada de metal. Hunf. Eu tirei a aliança e escondi, esperando o dr Rodrigo chegar. Eu sabia que ele deixaria eu por a aliança de volta, e em último caso, se precisasse mesmo tirar, eu tirava, uai!)As enfermeiras mediram pressão, tiraram sangue (tinha que certificar que o tempo de bolsa rota não causou infecção), viram temperatura.

Quando o dr Rodrigo chegou, eu logo perguntei da aliança! Heheeh! E ele, claro, disse com um sorriso que eu podia bota-la de volta sim. ^^
Ele me explicou o que seria feito (preparação do colo do útero com misoprostol e, indo tudo bem, começaríamos a indução com ocitocina pela manhã). Não me lembro mais muito bem, mas acho que foram 2 ou 3 aplicações de misoprostol durante a noite. Eu tinha só 1cm de dilatação quando começamos (outro parêntese: nenhum exame de toque doeu. Não senti nada, nem no início e nem nos do fim!! Eu tinha medo deles, pois todas diziam que doía horrores!). Aplicado o primeiro comprimido intravaginal, dr Rodrigo e Dydy foram dormir na sala dos médicos e eu e Rodrigo ficamos no quartinho, eu numa cama dura (credo, que cama horrível!!) e o Rodrigo numa poltrona reclinante.
Oramos mais uma vez, lemos a Bíblia de novo em busca de forças, espantando o medo.
E tentamos dormir.

De vez em quando alguma enfermeira entrava pra medir minha pressão. Teve uma que veio mais vezes que quando entrava me dizia com toda pena do mundo “pobrezinha, que sofrimento!” e eu respondia com um sorriso “não, eu to bem!” (e eu tava mesmo!). Depois eu fui entender pq tanta peninha... Numa das últimas vezes que ela veio perguntou: “Quantos anos vc tem? 14? 15?” hahahaahahaah! Nossa, eu sei que pareço mais nova, mas é pra tanto??? Eu ri e disse que tinha 27, ela me olhou incrédula, nem sei se acreditou. =P
Elogio, né? Parecer tão novinha assim, mesmo em trabalho de parto e com a amior cara de sono do mundo! Hehehehe!
A primeira parte da noite deu pra cochilar... Mas logo veio pro quartinho ao lado um casal recém saído da cesárea, e NOSSA, como eles falavam alto!!! Os quartinhos do pré-parto são miúdos e as paredes que os dividem não chegam até o teto... Ou seja, era como se estivéssemos no mesmo quarto...
O pai ligou pra família inteira na euforia de comunicar o nascimento, falando tão alto qto a alegria que ele devia estar sentindo... E nós, dormir que é bom... Difícil, né?
Quando parecia que os telefonemas tinham acabado, chegou a médica deles e ficou lá, conversando, falando alto como eles... Foi complicado conseguir descansar daquele jeito, viu?

Dr Rodrigo voltava de vez em quando pra checar o colo do útero e pra aplicar outra dose do remédio.
Tudo corria bem! Graças a Deus! O colo estava ficando favorável!
A cada checagem do dr Rodrigo eu ia pedindo a Deus que, se fosse da Vontade dele, que permitisse dar tudo certo, que a indução funcionasse...
Quando eram quase 6h da manhã estávamos prontos para a ocitocina!

Eu estava torcendo pra conseguirmos a salada de parto humanizado.
Quando chegamos no hospital de noite aquele quarto estava ocupado... Até por isso que ficamos no pré-parto. Torcemos a noite toda pra que corresse bem o parto que estava acontecendo lá e terminasse a tempo de nós irmos pra lá pro começo da indução com a ocitocina.

Devia ser umas 5:50h qd o dr Rodrigo veio com a boa noticia de que conseguimos o quarto!! Eu fiquei tão feliz! E agradeci a Deus por mais essa vitória no processo!
O quarto era mto gostosinho, cabia todas as nossas bolsas sem confusão e podíamos ligar o som e botar os CDs que havíamos preparado.

As enfermeiras botaram o acesso pra ocitocina na lateral do meu pulso, sei lá pq não acertaram botar no braço, num lugar mais confortável... O ruim de onde ficou é que qd eu queria me apoiar, dobrar a mão, incomodava um pouco.

Estávamos animados!! E mto felizes!!
O dr Rodrigo depois de descansar durante a noite já estava novamente o dr Rodrigo de sempre, com sorriso no rosto e rindo das palhaçadas bobas do Rodrigo-marido.
Ocitocina pra dentro, dr Rodrigo sempre monitorando e controlando a quantidade. E a gente orando, orando e orando. O medo de a indução não funcionar ainda batia à porta e o único lugar onde eu podia buscar forças era nessa confiança e entrega ao Senhor.
Aos pouquinhos as benditas começaram a dar o ar da graça... E, finalmente, eram doloridas!! Doidera, né, mas depois desse processo todo e o medo de que a indução não progredisse me fizeram dar graças a cada dorzinha de contração que aparecia!
As contrações me deixavam feliz. E quanto mais fortes iam ficando, mais feliz eu tb ficava, pq estava funcionando! Agradeci a Deus com todo meu ser, todo meu coração, por cada contração.

Era tão bom estar ali... Uma quarto lindo, música gostosa, cama confortável, meu marido amado ao meu lado, minha doula tb amada do outro lado e uma médico tb amado em quem confiamos tomando conta de tudo. E Jesus, claro, o mais amado de todos, liderando! Podia pedir algo mais??

Aproveitando o começo mais tranqüilo, Dydy, Rodrigo e Rodrigo se revezaram pra ir comer algo. Eles ficaram beliscando guloseimas na sala dos médicos (e eu, que pelas regras do hospital não podia comer, fiquei contente por ter “contrabandeado” várias barrinhas de cereal na minha bolsa!!! Ehhehehehe! Eu tb estava com fome, poxa!
Dr Rodrigo me incentivou a andar pelo quarto, e assim eu fiz. Não demorou mto para que as contrações começassem a doer MESMO. (E aí eu preciso lembrar da querida Tânia, a professora das aulas de ginástica pra gestante. Eu quase ouvia voz dela na minha cabeça repetindo “respira! Relaxa a mandíbula! Encaixa o quadril! Solta o ar!” As aulas me ajudaram MUITO a encontrar durante as contrações as posições perfeitas pra que eu me sentisse confortável e ajudasse a Lilla a encaixar e descer...) No fim de tudo ainda vi que a Tânia estava conosco da parte dela também, de longe mesmo. Ela havia ligado pro hospital várias vezes pra saber como estava indo, e deixando sempre ‘mil beijinhos’... =) Só depois é que a enfermeira deu os recados....
Eu estava já na Partolândia. A dor crescia e, com elas, crescia tb meu agradecimento por tudo estar correndo bem. O espaço entre as contrações diminuía e, com eles, diminuía tb a minha percepção do mundo real ao redor... era a partolândia! ^^ Sempre ouvia as meninas do grupo de discussão falar da “partolândia” e, nossa, tanto que eu ansiei estar ali tb... E agora estava! Era a nossa vez!

A cada contração eu me concentrava, respirava, agachava... Eu sentia o meu corpo todinho. O líquido amniótico escorria acompanhando a pressão do útero. Às vezes, numa mais forte, vinha um pouco de sangue tb.
Nos intervalos entre as dores eu conversava, eu dormia (sério! Como é possível dormir numa hora dessas, né? Mas acontecia!), eu ria... Eu estava tão feliz!
Minha noção do tempo era nula. Eu as vezes olhava pro relógio, mas acho que nem computava o que via, nem lembro...

Dr Rodrigo ia de vez em quando monitorando os batimentos da minha linda Lilla. Firme e forte! Essa pequenininha sempre teve o coraçãozinho mto estável! Ele e a Dydy às vezes me pediam pra agüentar uma contração deitada pra que eles pusessem a mão da barriga e vissem como a coisa tava indo. Essa era a pior posição! As dores ficavam bem piores!

Ganhei mais massagem da Dydy em algum momento da manhã que não lembro qual.

Vibrei quando num exame de toque lá pelo meio da manhã o dr Rodrigo disse que estava tudo ótimo e correndo como deveria!
E nesse tempo todo o que teria sido de mim sem o meu Rodrigo??
Acho que uma das partes mais incríveis da experiência do parto é a união que experimentamos... Fizemos esta bebezinha juntos, e estávamos ali, juntos, trabalhando pela chegada dela!

O abraço do Rodrigo em meio a uma contração era algo fora do normal. Me englobava toda, por inteiro. Acho que uma das sensações mais intensas e penetrantes da minha vida! Como era forte aquilo! Como eu me senti bem!
A voz dele cheia de amor e paciência me lembrando de respirar e relaxar era tudo o que eu conseguia ouvir no pico contração.
Sério mesmo, acho que nem tenho palavras pra descrever como é incrível vivermos o nascimento de um filho assim, por inteiro... Pra mim foi mágico! Acho que foi a essência do “somos uma só carne”. Ali eu sentia que éramos MESMO um só, em amor. Era a culminância desse amor tão lindo que de tão grande transbordou em uma nova pessoinha, inteira, perfeita, ali, prestes a chegar!!

Meu Rodrigo foi o meu apoio o tempo todinho, ele sempre esteve ali, ele me amparou, me fortaleceu, me protegeu, me acalentou... Ele me deu ‘colo’. Eu o amo tanto!

Em algum momento, acho que pelas 9hs mais ou menos, eu comecei a sentir mto frio. Era um frio estranho, tipo frio de febre... Pois era acompanhado de um suor frio tb, e de calafrios pelo corpo. Eu andava pelo quarto enrolada nas cobertas... devia estar mto engraçada!

Também em algum momento o dr Rodrigo retirou a ocitocina e meu corpo passou a trabalhar por si só. Pegou no tranco! Hehehe! Eu só me dei conta quando me percebi andando pelo quarto sem alguém arrastando atrás de mim aquela torrezinha onde fica pendurado o soro.

As vezes eu me sentia melhor caminhando, e quando vinha a contração eu acocorava ou então apoiava as mãos na cama e, em pé, empurrava o quadril pra frente.

(eu no banheiro...)

As vezes eu me sentia melhor sentada no vaso sanitário. Ali eu fiquei um bom tempo, com a Dydy querida sentadinha na minha frente.


Eu fazia força conforme meu corpo pedia. Eu não gritei (lembrei da Tânia dizendo pra não fazer força no lugar errado pra não me cansar a toa. Se eu gritasse, faria força na garganta... Ao invés disso, então, eu concentrava na respiração e imaginava o meu colo se abrindo para a Lilla descer.). Mas, de verdade, nem senti vontade de gritar.

A contração toma o corpo todo. Dói (e mto! Hehehe), mas é uma dor tão diferente de todas as outras! Em nenhum momento eu senti que seria impossível, ou que eu não agüentaria. Depois que me dei conta que a idéia de anestesia nem passou pela minha cabeça!! Acho que eu já tinha tido tantas coisas que não desejei com a indução, que nunca ia cogitar abrir mão do que me restava do parto que eu sonhei...

A Dydy depois falou que ela ficou mto feliz de ver como eu fui forte... Mas eu acho que não foi questão de força, eu tava tão feliz de estar vivenciando aquilo, e havia chegado tão perto de não poder experimentar nada disso... Certamente Jesus me ajudou e ficou comigo o tempo todo, sem Ele nada disso seria possível...

Depois eu fiquei pensando que se a dor da contração foi suportável mesmo com o pancadão da ocitocina, num próximo parto quando eu não precisar dela vai ser moleza! Hehehehehe!
A dor é grd, mas é como uma onda. A cada contração ela aumenta um pouquinho, então vc vai se preparando aos poucos para a próxima, que será pior. Quando ela chega no auge e vc tem a impressão de que pior que isso é impossível, ela já começa a ceder e vc consegue relaxar de novo. E o espaço entre elas é o suficiente pra se recuperar para a próxima...

Quando eram 11h (essa hora eu lembro!) o dr Rodrigo pediu pra eu deitar pra mais um toque. As contrações já estavam BEM fortes e precisávamos verificar a dilatação.
Mais uma contração quando eu deitei.. ARGH! Quem foi o infeliz que teve a idéia de fazer as mulheres parirem deitada?? Aquilo sim era horrível! Agarrei na mão do dr Rodrigo de um lado e na da Dydy no outro... Nem percebi na hora, mas essa parte tem filmada! Eu não soltei as mãos por nada, a contração estava bem longa... No vídeo aparece o dr Rodrigo chamando o Rodrigo pra substituir a mão de um por outro, já que o dr Rodrigo precisava fazer o toque. ^^

E então... 7cm!! BELEZA!
Dr Rodrigo disse que se eu quisesse já podia ir pra banheira. Eu estava preocupada que a água fizesse eu relaxar demais e por isso não queira ir mto cedo, pra não estancar o trabalho de parto, mas o dr Rodrigo disse que já era seguro. Faltavam mais 3 cm, o que dava uma previsão de mais 3h de trabalho de parto.
Levantei da cama com ajuda e no caminho para o banheiro veio uma contração fortíssima!! Nessa eu gemi, acocorei, apoiei na cama, rebolei... E parecia que ela não ia embora nunca mais! Deus do céu! Mas foi aí que eu senti algo maravilhoso: a cabeça da minha filha descendo! Eu senti uma dor aguda que irradiou pelo quadril inteiro, por dentro dos ossos, e senti o que parecia ser a cabeça dela entre os ossos da minha bacia!

Esperei essa contração passar fui para a banheira, apoiada pela Dydy e pelo Rodrigo. Como todos estavam com fome (era quase hora do almoço) se revesaram para almoçar. Não lembro bem quem foi quando, mas lembro que qd eu estava na banheira quem ficou comigo foi o Rodrigo... O dr Rodrigo tava no quarto e a Dydy tinha ido comer.

Entrei na água morna, deitei, e fiquei molhando a barriga com as mãos. Mais uma contração... Agora eu não conseguia mais encontrar posição confortável, fiquei igual à minha gatinha Miew que quando teve os filhotes aqui em casa levantava meio desesperada e ficava andando em círculos, tentando deitar e desistindo antes mesmo de encostar no chão. Acabei acocorando na água, mas a banheira é estreita, fiquei toda torta... Ah, tava valendo assim mesmo. Rodrigo estava sentado de frente pra mim dizendo “calma, clama, vai passar!” e eu, dessa vez, chorei um pouquinho.Passada a contração deitei de novo na água.
Mais uma veio, que durou o infinito... Novamente dificuldade pra encontrar posição.
Respira, respira. A sensação é completa, toma o corpo todo, não sei dizer se sentia frio ou calor, mas sei que eu mal cabia em mim...

Deitei novamente.

De novo! Mais uma! E toma a procurar posição... Fiz um força grandona, o corpo mandava. Acho que foi a tal “força comprida”, era assim mesmo, looonga. Nessa fase realmente dói bastante e eu lembro de ter sido a única hora que eu pensei que tava difícil quase beirando o insuportável. Mas, como eu disse, isso era só a dor, e junto dela tinha também a força, e esta é prazerosa. E a sensação incrível de sentir o corpo pleno, em total funcionamento, intenso como nunca antes. Foi nessa força longa que eu senti a cabeça começar a descer! Eu estava acocorada na água e botei a mão pra sentir... E senti!! Senti o topo da cabecinha dela dentro do canal vaginal! Senti seus cabelinhos!! Eu gritei: “a cabeça ta saindo!!!”
Vi o Rodrigo com cara de “ai, meu Deus o que que eu faço??” (ahhaah!) e no momento seguinte o dr Rodrigo correndo porta adentro.
A próxima contração veio emendada, logo em cima. Dr Rodrigo pediu pra eu deitar na água, mas doía mto! Eu disse “não dá, não consigo!”, mas os dois Rodrigos me seguraram pelo braço, eu consegui levantar e recostar na banheira. Isso foi durante a contração e o Rodrigo disse que enquanto eu deitava ele viu a cabecinha da Lilla já metade pra fora, testa, olhos e cabelinho!!
No fim da contração a cabeça voltou um pouco pra dentro.
Eu lembro de pensar que desse jeito não agüentava mto tempo não, e de me preparar pra fazer uma força bem grd na próxima pra ajudar a cabecinha dela a sair e não ficar entalada mto tempo ali.
E ela veio, forte, imensa, inteira, plena. Junto com a dor uma força descomunal! Eu empurrei como o corpo pedia e a cabecinha da Lilla saiu mesmo, de uma vez só!!!
Não sei como, nem de onde vieram, mas nessa hora eu olhei e o banheiro tava cheio de gente!!
A Dydy estava ali de novo! Quase que a bichinha perde! Ela já tinha chegado antes, eu que não vi. Tinha tb mais umas enfermeiras e uma pediatra... O dr Ricardo, pediatra que faria a sala de parto ainda não tinha chegado!
Dr Rodrigo se posicionou para amparar e a outra contração veio emendada... Foooooorça ....... e saiu! Saiu o corpinho da minha pqnina!!
Dr Rodrigo levantou ela da água, eu estendi meu braço pra tocá-la enquanto ele desfazia uma circular de cordão que estava no pescoço.

Ele a botou no meu colo, LINDA! Grds olhos abertos, mãozinhas, pezinhos, barriga... Minha bebezinha estava ali! Nossa bebezinha!! Rodrigo do meu lado nos abraçou, enquanto namorávamos aquela menininha pqna e perfeita. Lilla não chorou, só resmungou meio embargada pelo muco. Dr Rodrigo pôs um monte de panos em cima de nós pra ela não perder calor. Perfeita, ela era PERFEITA!Nunca vou esquecer este primeiro toque da pele dela na minha.

A dor e as contrações somem como mágica depois que o neném sai.
Eu ainda estava na adrenalina e lembro pouco do que se seguiu... Lembro de pedir que não a aspirassem, nem usassem colírio... Mas a pediatra tinha perguntado já sobre isso tudo... e depois eu vi que, na hora H, o dr Ricardo chegou.
Eu continuei na banheira, pra ‘parir’ a placenta. E quem ficou comigo foi a Dydy, o Rodrigo saiu do quarto junto com a Lilla. Gente, parecia impossível empurrar a placenta pra fora sem a ajuda da contração. Fiquei imaginando como é que quem precisa de anestesia consegue fazer uma força eficiente pra empurrar o neném, se eu não tava conseguindo empurrar nem a placenta sem a ‘dica’ da contração!

Dydy ficou me acalentando e ajudando até que a placenta saiu parcialmente... Dr Rodrigo voltou e em mais alguns minutinhos a placenta saiu inteira, com mto sangue junto. Eles me ajudaram a levantar e voltar pro quarto. Tinha várias pessoas lá dentro. Me deu uma tremedeira gigantesca, um frio do caramba. Alguém me enxugou... acho que foi a Dydy e mais uma enfermeira do hospital... Minha cabeça estava ainda um pouco confusa. Eu tava doida pra deitar na cama e segurar a Lilla de novo, que estava no colo do Rodrigo.
Eu deitei para o dr Rodrigo verificar se houve alguma laceração, e nisso eles trouxeram de novo a pqnininha mais linda do mundo!
Dr Ricardo tava todo sorridente, dizendo que ela era mto vigorosa! Eles a puseram no meu colo e eu tentei dar o peito, mas ela não conseguiu sugar não, ficou só ali, lambendo, sem saber mto o que fazer com aquilo ainda... hahahah! (ela só foi aprender a sugar mesmo com 3 dias de vida).

Ficamos namorando aquela coisinha... Graças a Deus!! Ela nasceu, estava ali conosco, linda, perfeita e saudável... Nossa Lilla!





Ficamos um tempinho conversando, parabenizando a todos, namorando a pqna... Até que chegou a hora de ela ser examinada. Rodrigo levou ela no colo e acompanhou o dr Ricardo até o berçário e eu fiquei ali, tinha que levar uns pontinhos (acho que levei uns 4 pontinhos, um em cima e 3 em baixo... tive uma laceração bem miudinha).

Eu mal podia acreditar que havia dado tudo certo! Deus é mesmo maravilhoso! Agradeci mto, e ainda estou agradecendo... acho que vou agradecer pra sempre!

Lilla pesou 1,830Kg. Mediu 43cm. Apgar 9/10.
Às 12:02. Só uma hora de expulsivo.
Não sabemos pq ela é miudinha assim, nada há de errado com ela. Ela é um bebê PIG (pequeno pra idade gestacional). É nossa mini baby. Nossa Lilla Pocket!!
E eu agradeço tb:

-ao dr Rodrigo! Que presente de Deus foi o dia que eu tive que sair do primeiro médico e acabei caindo nas suas mão! Se no mundo existissem mais médicos como vc, acho que viveríamos num lugar bem mais feliz! Obrigada pela dedicação sem tamanho, pelo altruísmo -que tem sido tão escasso no mundo obstétrico de hoje em dia-, pela paciência, pelo cuidado, pelo carinho.... Nós te amamos, de coração! Obrigada por ter ajudado a Lilla a chegar ao mundo de uma forma digna, natural, plena e feliz!

-à Dydy! Querida Dydy, agradeço mto a Deus pelo dia que nossos caminhos se cruzaram! E agora de certa forma nossas vidas estão pra sempre ligadas... Obrigada por estar comigo neste que foi o momento mais mágico que vivenciei. Obrigada pelo cuidado, pelo carinho, pelo apoio... Obrigada pela paciência, pelas orientações, pela amizade. Você foi uma parte mto importante desta gravidez!

-ao meu marido mais amado, por ser parte de nós, por nunca dar as costas para a realidade de sermos um, por ter mergulhado comigo nesse processo, por ter prestado tanta atenção, por ter ouvido com paciência, por ter se engajado, por ter me dado o colo mais macio do mundo... Obrigada pelo seu amor, obrigada por ser o pai amoroso e presente da nossa Lilla. Eu te amo pra sempre, vc sabe.

-à Tânia com seu carinho esfuziante, pelas aulas tão importantes, pelo guia que nos ajudou a viver esse parto assim. Vc também estará sempre conosco!


-à Rebeca, minha tão querida “doula-virtual” mineirinha, que teve paciência com todas as minhas ‘lenga-lengas’, que respondeu minhas intermináveis perguntas, que esteve sempre ao meu lado, mesmo que virtualmente, e que me apresentou a Dydy.

-à nossa família, seja o lado Dias Lima ou o lado Essinger Cavalcante,que nos ouviu, nos apoiou em todas as nossas decisões, que deu amparo quando necessário, espaço quando necessário, amor sempre. Nós te amamos, vcs sabem tb.

E claro, a Jesus. Por TUDO. Por cada detalhes. Por cada segundo. Sem ti, Senhor, somos nada. Sem ti nada podemos. Obrigada por ter nos abençoado com a vivência deste sonho perfeito!





PS: Ia me esquecendo de uma parte tão importante!
Na consulta de revisão, quando vimos novamente o dr Rodrigo, ganhamos um lindo presente!
Um poema! Ele nos deu, todo envergonhado.

Ele escreveu durante o nosso trabalho de parto. Disse que a cena do Rodrigo e Dydy me amparando, fazendo carinho nas minhas costas enquanto eu estava enrolada nas cobertas, de pé, apoiada na cama estava muito bonita... Acredita que ele até fez um desenhozinho da cena?

Preciso dizer que a vontade de chorar foi gigante??

Pedi permissão pra dividir com vocês, afinal é parte importante da história da Lilla, a menina que nasceu rodeada de amor por todos os lados!

"As Mãos"
Por Rodrigo Vianna

As mãos que acalentam

As mãos que sustentam
As mãos que confortam
As mãos que amparam
As mãos que aconchegam
As mãos que recebem e que dão
As mãos que ajudamAs mãos que se juntam
As mãos que de Dydy, de Rodrigo, de Thalita
As mãos que chegam (de Lilla)
As mãos que escrevem (de Rodrigo)



-26 de agosto de 2009-









___________________UPDATE_________________________________________


Lilla agora já tem 2 anos e 8 meses. Depois de mta guerra com a amamentação, pouco ganho de peso, não desistimos e até hj ela mama! Nunca ganhou peso "como deveria", nem com a introdução de sólidos, mas é graças a Deus perfeitamente e imensamente saudável! Ela é espertíssima, tagarela e ativa até dizer chega! =)
Só é minha polegarzinha, mignon.


Só com 2 aninhos ela "entrou na curva" e já tá no P50 de altura, porém o peso fica no P15. O primeiro ano todinho esteve no P3 e o segundo ano foi subindo devagar até chegar onde está.


Abaixo deixo o vídeo da retrospectiva de quando ela fez 1 aninho e fotos atualizadas deste mês (abril/maio de 2012) onde ela esta com 2.7 e 2.8 anos!